quinta-feira, 27 de outubro de 2011

GERALDO ALCKMIN IMPEDE INVESTIGAÇÃO SOBRE CORRUPÇÃO EM SÃO PAULO

Base enterra investigação sobre venda de emendas

Sem produzir um relatório, Conselho de Ética conclui trabalhos depois de rejeitar a convocação de 17 testemunhas e parlamentares

 A bancada governista na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), capitaneada pelo líder do PTB, Campos Machado, enterrou no início da tarde desta quinta-feira as investigações do Conselho de Ética sobre o suposto esquema de venda de emendas parlamentares. Os governistas membros do conselho aprovaram um requerimento de Machado que determina o envio imediato do material colhido durante um mês de trabalhos ao Ministério Público.

O conselho terminou seus trabalhos sem produzir nem sequer um relatório. Na verdade, o conselho não possui mais um relator já que o ocupante do cargo, José Bitencourt, trocou o PDT pelo PSD e seu antigo partido reivindica o posto.
Durante um mês, o conselho se limitou a apreciar questões estatutárias e burocráticas. A única pessoa ouvida foi o deputado Major Olimpio (PDT), da oposição. Dezessete requerimentos pedindo a convocação de testemunhas, deputados, ex-deputados, ocupantes e ex-ocupantes de cargos no governo estadual que teriam ligações com o esquema foram barrados pela base governista na Alesp.
Apenas três requerimentos foram aprovados convidando os deputados Major Olimpio e Roque Barbiere (PTB, autor das denúncias) e o ex-deputado Bruno Covas (PSDB), atual secretário estadual do Meio Ambiente.

Barbiere e Covas enviaram respostas por escrito e não compareceram ao conselho.
Campos Machado não soube dizer qual o teor do material que será enviado ao Ministério Público. Questionado por jornalistas, recorreu a ofensas acusando repórteres de fazerem perguntas “vergonhosas” e “cretinas”.
“No meu partido não tem essa pressão moral”, admitiu Machado, aliado fiel dos sucessivos governadores tucanos desde a posse de Mário Covas, em 1995.
A investigação no Conselho de Ética terminou sem que o órgão cumprisse sua própria pauta. Quatro requerimentos da oposição foram ignorados e nem chegaram a ser apreciados.
A oposição reagiu com indignação.
“Isso é vexatório porque não existe absolutamente nada. Uma grande pizza será enviada ao Ministério Público”, disse o deputado João Paulo Rillo (PT).
O Conselho de Ética tinha como objetivo investigar as declarações feitas pelos deputados Barbiere e Covas sobre a existência de um esquema de venda de emendas na Alesp. Barbiere chegou a dizer que deputados agem como camelôs. Covas, que é pré-candidatodo PSDB à prefeitura de São Paulo, declarou em entrevista que foi procurado por um prefeito do interior que tentava lhe entregar R$ 5 mil referentes aos 10% de propina pela liberação de uma emenda de R$ 50 mil. Em vez de denunciar o caso ele teria encaminhado o dinheiro a uma instituição de caridade.
CPI
Com o fim dos trabalhos no conselho, a oposição liderada pelo PT se concentra em tentar as 32 assinaturas necessárias para protocolar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da venda de emendas na Alesp.
O autor das denúncias, Barbiere, foi o 30º deputado a assinar o pedido, na noite de quarta-feira. Barbiere é da base governista.
Em outro flanco a oposição tenta promover uma ampla mobilização popular para pressionar os deputados. Um ato promovido por movimentos populares e sindicatos está marcado para a tarde desta quinta-feira na frente da Alesp.


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